Temperatura Mais Fria do Mundo: Como Cientistas Chegaram a 38 Picokelvins

Cientistas alcançam a temperatura mais fria já registrada: 38 picokelvins. Entenda o experimento e suas aplicações incríveis!
Você já imaginou qual é a menor temperatura que pode existir?
Agora pense em algo mais frio que o espaço sideral, mais congelante que os polos da Terra. Parece impossível, né? Mas um grupo de cientistas alemães fez exatamente isso.
Eles atingiram a menor temperatura já registrada em laboratório: 38 picokelvins.
Hoje, você vai entender como isso foi possível, por que isso é tão importante e como essa descoberta pode mudar o futuro da tecnologia.
Sumário do Conteúdo
- O que é essa tal temperatura de 38 picokelvins?
- Como os cientistas chegaram a essa temperatura absurda
- Mas pra que serve esfriar tanto assim?
- Como o zero absoluto molda a física
- A nova fronteira da tecnologia baseada em átomos
- Conclusão: Estamos entrando na era do frio extremo?
O que é essa tal temperatura de 38 picokelvins?
Antes de mais nada, vamos entender o que significa esse número esquisito. Um picokelvin (pK) equivale a um trilionésimo de um kelvin. Ou seja, 38 picokelvins é 0,000000000038 K.
Só pra comparar:
- A temperatura no espaço sideral gira em torno de 2,7 K;
- A menor temperatura natural já registrada na Terra foi cerca de -89 °C, o que dá mais ou menos 184 K;
- O recorde de 38 pK é milhões de vezes mais frio que qualquer ambiente natural conhecido.
Parece absurdo, né? Mas essa foi uma das conquistas mais incríveis da física moderna — e não foi apenas para bater recorde.
Como os cientistas chegaram a essa temperatura absurda

Uma torre, um gás e um truque de gravidade zero
O experimento foi realizado em Bremen, na Alemanha, dentro de uma estrutura chamada torre de queda livre.
E não, não é tipo um brinquedo de parque de diversões, apesar de envolver lançamento e queda. Lá dentro, os pesquisadores colocaram uma cápsula com átomos de rubídio em um ambiente controlado.
Esses átomos foram resfriados usando campos magnéticos e lasers, o que já é uma técnica bem conhecida chamada Condensado de Bose-Einstein (BEC).
Mas a cereja do bolo veio depois: a cápsula foi lançada como uma catapulta, atingindo microgravidade por quase 10 segundos.
Durante esse curto período de tempo, os átomos de rubídio ficaram “flutuando” em gravidade zero, o que permitiu que eles se movessem mais lentamente ainda — e quanto mais lento o movimento atômico, mais frio o material.
Temperatura é basicamente movimento atômico. Quanto menos movimento, menor a temperatura.
Condensado de Bose-Einstein: o estado quântico da matéria
O BEC é um dos estados mais misteriosos da matéria. Quando átomos são resfriados a temperaturas próximas do zero absoluto (0 K), eles param de se comportar como partículas independentes e passam a agir como uma única “superpartícula”.
Isso é fascinante porque nesse estado a mecânica quântica começa a se manifestar de formas que não são vistas no nosso dia a dia. E é exatamente isso que os cientistas querem explorar.
Mas pra que serve esfriar tanto assim?
Explorando o universo quântico
Essa temperatura quase absurda não foi buscada só por vaidade científica. O objetivo era criar o ambiente ideal para estudar o comportamento quântico da matéria em gravidade quase nula. Isso abre portas para entender melhor:
- Supercondutividade (materiais que conduzem eletricidade sem resistência);
- Superfluidez (líquidos que fluem sem fricção);
- O que acontece com a matéria no centro de estrelas de nêutrons;
- Como desenvolver sensores ultra precisos e sistemas de navegação baseados em átomos.
Aplicações práticas que podem mudar o mundo

Apesar de parecer muito teórico, esse tipo de pesquisa pode ter aplicações bem práticas num futuro próximo. Olha só algumas possibilidades:
- GPS atômicos com precisão muito maior que os atuais;
- Relógios atômicos ainda mais exatos;
- Microscópios quânticos para observar estruturas invisíveis atualmente;
- Desenvolvimento de materiais revolucionários para a indústria, como isolantes perfeitos ou condutores ideais.
Tudo isso pode nascer de entender melhor o comportamento da matéria em temperaturas ultrabaixas.
Como o zero absoluto molda a física
Zero absoluto: o limite teórico do frio
O zero absoluto é uma temperatura teórica, equivalente a 0 kelvin (-273,15 °C). Nesse ponto, todo o movimento molecular para. Nunca conseguimos chegar exatamente lá, mas já conseguimos chegar bem perto — como no caso dos 38 picokelvins.
Mas o que torna o zero absoluto tão especial?
- É o ponto onde o entropia da matéria atinge o mínimo possível;
- É essencial para entender o comportamento ondulatório das partículas;
- A matéria se torna altamente organizada e previsível — um prato cheio para os físicos teóricos.
Por que o espaço sideral não é o mais frio?
Muita gente pensa que o espaço é o lugar mais frio do universo. Mas, surpreendentemente, o espaço tem uma temperatura de cerca de 2,7 kelvin, por causa da radiação cósmica de fundo.
Ou seja, laboratórios na Terra conseguiram condições ainda mais frias que o espaço — o que é um feito e tanto!
A nova fronteira da tecnologia baseada em átomos

Ciência de precisão e instrumentos que medem o impossível
Com a manipulação de gases em temperaturas tão baixas, os cientistas estão construindo os sensores mais sensíveis do mundo. Eles conseguem medir:
- Campos gravitacionais mínimos;
- Variações microscópicas no tempo;
- Mudanças minúsculas no espaço.
E tudo isso usando apenas átomos ultraresfriados.
O papel do BEC no futuro tecnológico
O Condensado de Bose-Einstein é muito mais que uma curiosidade científica. Ele está se tornando um componente essencial em experimentos de ponta. No futuro, poderá ser usado em:
- Computadores quânticos;
- Sistemas de comunicação ultra seguros;
- Novas formas de armazenamento de energia.
Conclusão: Estamos entrando na era do frio extremo?
A conquista dos 38 picokelvins não é só um número bonito em um gráfico de laboratório. É um marco que mostra até onde a curiosidade humana pode chegar quando unida à ciência de ponta.
Essa experiência mostra como ideias malucas (como lançar uma cápsula para criar gravidade zero) podem render descobertas incríveis. Estamos falando de um feito que pode revolucionar a física, a tecnologia e até a nossa forma de ver o universo.
Talvez o frio extremo seja, ironicamente, a chave para aquecer o futuro das inovações.